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Eu e o nada.

Jogarei fora minhas roupas

De mais nada servirão

Pois nesta nefasta escuridão,

Não há vergonhosa nudez.

 

Perambulo por estes cômodos,

E aos passos vacilantes,

Tropeços atordoantes,

E o vazio acentua minha surdez.

 

Escada de devoção,

Degraus desconhecidos,

Pedaços envelhecidos,

Construção que se desfez.

 

No sublime andar superior,

Auge da solidão dolorida,

Uma vida perdida,

Uma abundância de escassez

 

O cansaço tão banal

O fardo de ser só,

A sudorese e o pó,

Um corpo que se liquefez.

 

Eu, um objeto frio e sombrio ao leito.

O todo que se esvai, fim da arte, da parte,

Suplico: “não mais me use, me descarte.”

Reflexo da minha altivez.

 

Perco-me em esperança,

A frustração é constante,

Pois tento a todo instante,

Perecer nesta embriaguez.

 

Entretanto é infinito ser só.

E o ciclo ronda a morte,

Mas que má sorte,

Ela não me quer outra vez.

 

 

 

Uma Viagem Qualquer

Uma viagem pela transversal do meu universo, que corre na beira do inacessível significado de minhas balbúrdias.  Não passam de insignificantes substantivos que de tão fúteis figuram o insalubre movimento de ondas quietas. É a ruptura da minha doçura envolvida com a amargues de uma vida crua, contribuindo para essa sinergia que comanda as atitudes cruéis destas mãos vacilantes, desta voz cansada, destes pés sujos, desta canção sem som. Alcanço o cume aéreo destas dores, que paradoxalmente não fazem de mim um homem crucífero, mas resultam na adição de sabores celestiais ao sacrifício da minha crença de que não passo de um imortal enquanto eu durar. E enquanto duro, malevolente intenções infectam minhas ações, que são naturalmente puras, de origem incauta, mas com objetivos soberbos e inadequados. E o máximo de meu querer envolve em partes o proibido, em partes o indevido, e em quase totalidade um desejo prudente e arrebatador. Logo eu, que achava de minha vida um porão inóspito e vazio, descubro que há um encaixe absolutamente plausível e inteiramente disponível a perfeição de um desejo materializado, ou melhor, carnalizado.

Temporal.

Trancafiei-me no porão,

Da minha casa sem porão,

Por onde andam as pombas,

Que invadiram este verão,

Pelo meio do inverno

Sorrateiro e deserto,

Esquivo e de certo,

Interno.

Do frio que faz falta, sinto muito.

Esse calor que não sossega,

É a primazia de quem se apega,

A dor que se tanto nega.

Abram este porão.

Invadiram minha residência,

Apoiaram-se em uma evidência.

De que não sou além da essência,

Destas palavras equivocadas.

Esqueceram do porão.

Se ao menos as pombas cá estivessem,

Eu as deixaria voar

Através das paredes, se existissem,

Mesmo sabendo, nunca mais voltar.

Nunca mais buscar.

Cá estou.

Sozinho então,

Neste porão.

Mas minha casa não tem porão.

Temporal.

Ondas

Vamos reviver a emoção,
da morte sem redenção,
do fim sem consolação,
do verso do refrão,
da velha canção.

Vamos renascer sem vida,
Reencenar a despedida,
Reorganizar a partida,
Renovar essa ferida,
Da alma perdida.

Vamos fingir grande folia,
Pra acabar essa putaria,
Da derrota que se adia,
Ao tentar todo dia,
Morrer de alegria.

Pés e Pesares

Cinco passos circulares.

Mas apenas quatro se destacam.

No jogo da solidão,

Dançam os escravos seculares.

Um sapato sem solado,

De pés sem harmonia.

Na parede e no telhado,

Descalços sem sincronia.

Na diversidade da sinfonia,

Aniquila-se um par,

Dois a menos, ou apenas um.

Isolamento circular.

Peculiar cruzar crivado,

De cruzes cativas, minas.

Como cultivo de bombas, as sinas

Dum pé, mal passado.

Não há sobriedade de encanto,

Nem embriaguez de esperanto,

Que faça no caminho linear,

Descompassos emocionais acatar.

Nem rimas frias, poucas e cruas,

Nem pés molhados, frios e úmidos,

Que saciem o ocultismo das fraturas,

De paredes subterrâneas, sem calços.

E o transpor da linearidade,

Que configura a poesia solitária,

Destes pés que vos ironizam,

Como mãos, que vos escrevem.

Aconteça Vida!

Quando chegou o dia, mal fazia questão eu que o tempo passasse, que o dia raiasse, que as coisas acontecessem. Eu já havia decidido que meu lema seria simples, “Aconteça vida!”. Não que eu estivesse deixando de amar meu existir, ou que não possuísse mais graça e alegria na caminhada, era o básico, o que tiver que eu fazer pode ser que faça, mas não dedicarei muitas horas procurando aventuras e me envolvendo em atividades que dependessem exclusivamente de mim.

 Pode ser que mal interpretado, pareça que me acovardei diante a vida, ou que estático diante o passar dos dias, jamais sairia do lugar, mas tenho certeza que muitos entendem quando falo: “Aconteça vida!”, e não “Eu aconteço, vida”.

 Mas no fim do dia, ou no começo, isso é indiscutivelmente relativo, eu podia ouvir a vida dizendo “Aconteci!”, podia ouvir sussurros “Este é o dia em que ACONTECI”. E como bom servo (de minha própria ideologia), eu sabia a hora certa de eu agir também. Ora, acredito que nem a Vida tomará decisões por mim, nem eu aconteço só, há uma relação de dependência minha para com a vida, que irriga as ações mínimas e máximas da existência.

 Enfim, nessa jornada intrínseca do menino que vira homem, e do homem que se permite pela vida acontecer, ainda há muito espaço, pra muitos dias a mais. E até cá tenho feito minha parte, temo não da forma que deva, mas ainda aguardo um novo manifestar da vida, então clamo “Aconteça Vida!”.

Ps.: Pra quem não entendeu, A Vida pra mim é Deus! 😉

Tráfego intenso que aborta minha mente

O colapso emergente

Transfiguração de um doente

Sente.

 

Sinto.

Num gole de absinto,

Restrita verdade que minto,

Extinto.

 

Expõe o existir utópico

De um flagelo microscópico,

Que habita o profundo caótico.

Sonho psicótico

 

Antibiótico em extravagância

Duplamente suicida em ganância

Quando nos seus ouvidos soa fragrância

Da saudosa estância.

 

De tudo esqueça,

Apenas esqueça.

Esta rima, esqueça.

Esqueça.

Não me olhe agora,

Pois o fracasso de outrora,

Figura minha face sonora,

Na melancolia de uma trepidação.

 

Não me venha pois,

Com estes olhos que sois,

Amar-me para depois,

Lançar-me em solidão

 

Não adianta tal carinho,

Se pões espinhos no caminho,

E devoras as flores com o vinho

Das uvas de minha plantação.

 

Extirpas daqui os teus pés

E arranca a máscara que és

Quero o sossego de meus canapés,

Quando partires deste chão.

 

Ficarei em quarentena

Reservando-me da pena

A qual o passado me condena

Trancafiando-me nesta prisão

 

E ainda que eu suplique um novo encontro,

Releve este meu confronto

Por que talvez ainda não esteja pronto

Para tal comoção

 

 

 

Serei por um tempo esta antítese

De uma perna vil, e uma prótese

Uma história completa e uma síntese

Uma vida e uma armação.

 

E quando beirar o abandono

Sentirei o profundo sono

E clamarei por meu trono

Ao tempo que passa vão.

 

Ao tempo que passa vão.

No vão do trem que passa.

Na viagem eterna de solidão

Aos confins da vida escassa.

Maranhensidade

Hoje, juntamente com um amigo meu, iniciamos um projeto que visa celebrar e lutar em prol do nosso Estado. O pontapé inicial foi dado com a criação do Blogue Maranhensidade – www.maranhensidade.blogspot.com . Republico aqui um texto meu de apresentação do site para que todos possam se aprofundar no projeto e colaborarem conosco.

Maranhensidade

Maranhensidade é um blog que nasce de percepções. A percepção do sentimento que batemos no peito, de orgulho, de admiração. A percepção das riquezas, das belezas e da história de uma terra e de seu povo. A percepção de conforto e de aconchego ao por os pés neste chão. A percepção de que existem sonhos ávidos por um dia melhor, por um Estado melhor, por reconhecimento de todos. A percepção, infelizmente, de que fora das fronteiras cá estabelecidas, e do próprio Nordeste em si, existe uma visão de descaso, de prepotência, de preconceito, e pior, de indiferença para com este pedaço de Brasil que na cabeça de uns e nas ações de muitos se desprende pouco ao pouco do seu próprio país. A percepção de que não podemos fazer de nosso sentimento uma vã existência sem patriotismo e participação no desenvolvimento de uma nova era. A percepção de insatisfação e da necessidade de transformação da mentalidade dos brasileiros e principalmente dos próprios maranhenses.
Assim entendemos, e assim manifestamos o início dessa nossa jornada por um Maranhão melhor, como maranhenses nascidos de amor e com amor por esta terra, de cidadãos que almejam um novo Estado, com uma nova mentalidade de seu povo, mais preocupada com questões intrínsecas ao desenvolvimento, com uma nova forma de se fazer política de maneira séria e comprometida, com uma nova embarcação de cantores, escritores, atores, enfim artistas que rumam a eternidade.
Enfim, Maranhensidade é um blog que nasce de percepções e culmina em realizações. Através de eventos, textos, músicas que possam manifestar esse sentimento, por mãos que nesta luta regam seus planos e sonhos com o próprio suor, que priorizam o amor pelo Maranhão sem jamais abandoná-lo. E, se algum dia tivermos que fisicamente nos ausentar, como disse Gonçalves Dias, “Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá.”.

Pedras do Não

 

Sou uma simbiótica relação

Do meu sim com o teu não

E quando tua mão alcanço

Igualmente ao precipício me lanço

 

Da minha natureza fria,

A dor que meu querer cria.

E a fatídica soberania

Do teu não querer que me agonia.

 

Quisera eu fosse esta realidade inválida

E que não houvesse esta face pálida

No retrato da futilidade passional

Do sonhador que amarga seu próprio mal.

Duas notas apenas,

Vela a dor de quem acena.

Do orifício desajustado,

Dos quatros cantos de quem condena.

 

Não me retires da luz,

Sombrio cordial,

Da ausência fatal,

Do que faço a jus.

 

E enquanto canta o pássaro,

Canto eu a tempestade,

Devasta a universalidade

O monstro, o verme, o tártaro.

 

Raio desvia a fúria

Que tange o horizonte intocável

Cá, prostra-se a penúria

Da miséria inviolável

 

O animal que vira e gira, gira e vira,

Permanece no vértice de meu cárcere incolor.

A necessidade que alarga e expira

Do que é nômade, aspecto violador.

 

Ensina, afina e não esquece,

Do fraquejo diante a sina

E de bom aluno que padece

O fato de renegar sua futura rotina.

 

Ponho doce fim ao drama,

Sacudo a poeira do que ficou,

A pele, no seco, escama.

O buraco, a parede. Empoçou.

 

  

 

O preconceito com o Nordeste do Brasil sempre foi algo de que ouvi falar, na prática mesmo vi alguns adolescentes que não ligam nem para suas próprias cidades, fazendo piadinhas depreciativas mais para sua promoção pessoal como piadista em humor negro do que por real preconceito. Até aí, eu enxergava toda essa história como inexistente, não que o Nordeste não fosse a região mais pobre, mas que o resto do Brasil não ligasse. E é exatamente aí onde mora o preconceito, o Brasil não liga para o Nordeste, nem pro bem, nem pro mal.

Eu pude constatar esse fato com acontecimentos semelhantes ocorridos em regiões opostas do País, as enchentes de Santa Catarina em novembro de 2008 e as atuais enchentes no Maranhão e no Piauí. Sabe-se que aquela foi mais devastadora e afetou mais pessoas (aproximadamente 1,5 milhão, contra no presente momento 140 mil aproximadamente só no Maranhão), mas não influi, pois no final das contas vidas, não importa quantas, estão sendo afetadas, destruídas e precisando de ajuda para recomeçar.

Mas a grande diferença dos dois acontecimentos não está na quantidade de vítimas, e sim na repercussão nacional e em como as autoridades, os grandes empresários, os famosos, reagiram e estão reagindo. Quando da tragédia em Santa Catarina, houveram campanhas de Redes de Televisão para arrecadação de dinheiro, as autoridades visitavam os desabrigados o tempo todo, programas televisivos passavam horas mostrando dramas das famílias causando comoção nacional, todos os estados se organizavam para enviar doações a este estado, vigílias cristãs aconteciam, enfim o Brasil clamava e trabalhava em prol da reestruturação deste Estado. Agora chega a aparentar que o Maranhão sequer pertence ao país, não vejo campanhas nacionais em prol dos desabrigados, somente agora Lula se manifestou a vim pela primeira vez (Depois de 2 mandatos, a primeira vez como presidente que vem a São Luís), reportagens não mostram dramas das famílias nem como fazer doações pra estas, as notícias se resumem a chamadas rápidas nos telejornais (certamente, por que a miséria do Nordeste não dá ibope), e na internet beirando o ridículo o site do jornal O Globo iniciava uma reportagem: “BELÉM – A capital do Maranhão […]” (Veja imagem do Site na data da notícia: http://www.pict.com/view/428210/0/belemcapitaldomak .

Não é apenas preconceito, e não somente descaso, é pior, é a indiferença do país para com a Região Nordeste. Ouvi relatos de pessoas que antes de virem para o Maranhão, ouviam falar que era só mato, e se surpreenderam. Tive oportunidade de conviver com pessoas de Estados mais desenvolvidos que se encantaram com a Ilha de São Luís, mas de tudo isso, pouco se sabe lá fora. Sabem apenas que é capital do Reggae, alguns sabem que é Patrimônio Cultural da Humanidade , e quase ninguém conhece a história, as belezas e as maravilhas que este Estado riquíssimo possui.

Enquanto o povo se preocupa com a Gripe Suína no México e Suzana Vieira curte uma festa com uma máscara, enquanto o país reclama e lamenta a crise financeira nos EUA, enquanto alguns organizam manifestações contra a visita do presidente do Irã (cancelada por sinal), enquanto alguns jornalistas que não honram a profissão acham que Belém é capital do Maranhão, o povo maranhense vai sendo maltratado pelas enchentes, uma região que já é pobre, agora beira a miséria total, sem ter o que vestir, sem ter o que comer, e pior, sem ter pra onde ir. Mas o Brasil dá as costas a esse povo, não se levantam campanhas, não se mostra caridade, o país parece negar a existência dessa Pobreza, e por sinal, consegue.

Retifico então um bordão muito usado: “O melhor do Brasil, é o brasileiro excetuando-se o nordestino.”.

A profissão contábil tem suas atividades exercidas sob um código de ética profissional, fiscalizadas pelo exercício do Conselho Federal de Contabilidade e pelos respectivos Conselhos Regionais de Contabilidade. Não poderia ser diferente, visto que o ser humano como ser pensante e membro de uma sociedade necessita ser regido por regras, para que haja harmonia. Na infância obedecemos aos pais, a escola, depois aprendemos a viver sob as regras impostas pela sociedade em si. São regras para dirigir, para construir, para trabalhar, para estudar, enfim, o homem estabelece convívio harmonioso em sociedade, desde que cumpra com seus deveres.

 

Tratando de modo específico o caso do profissional contábil, as regras são imposições das entidades já mencionadas (CFC, CRC´s), visando o respeito e a proteção a honra conquistada pela profissão, e também a sociedade que usufrui direta ou indiretamente dos serviços prestado por estes profissionais.

 

 Cumprir com os seus deveres e obrigações em observância a ética, deve ser a primeira iniciativa de um profissional contábil, e para que seja assim, há a necessidade primária de conhecimento da Resolução CFC Nº 803/96, que legisla sobre a conduta profissional dos contabilistas.

 

Dito isto, vale levantar a questão do cumprimento deste código de ética perante os profissionais que respondem a ele. O que muito se pode ver são práticas contábeis distantes daquilo que a Resolução Nº 803/96 prega. O contador, que outrora deveria ser o combatente à corrupção que infecta as ramificações tanto públicas como privadas, já que pelas mãos dele passam todas as informações chaves pertinentes ao interesse comum dos que a corrompem, tem sido justamente aquele que tem apoiado e participado de ações ilícitas.

 

Dentro da limitada realidade deste autor, é raro conhecimento de escritórios contábeis que prezem antes de tudo, pelo cumprimento da ética profissional a qual estão submetidos, notando-se uma vasta execução de atividades que fogem as regras previamente estabelecidas pelas entidades responsáveis, já que desta forma a rentabilidade, ainda que ilegal, é alta.

 

A profissão contábil lida com questões delicadas por se tratarem de interesse daqueles que praticam a corrupção, que numa divisão de rendimentos acaba por convencer os contabilistas a agirem de má fé. Mas apesar das pseudo-vantagens, evidencia-se a importância do agir corretamente, de se adequar as normas estabelecidas pela Resolução CFC Nº 803/96, para que como já dito, haja respeito primeiramente com o próprio profissional contábil, e em conseqüência disto, respeito para com a sociedade em geral, protegendo-a do mal que aprisiona o desenvolvimento dos países onde a corrupção domina.

 

Evidencia-se também o óbvio, que são as punições previstas em Lei para estes profissionais que se deixam influenciar, e em algumas situações influenciam, negativamente no cumprimento de suas atribuições.

 

Assim, ficam claros os prejuízos que colhem os profissionais, a classe, e logo toda a sociedade em decorrência da corrupção da ética contábil. Havendo então, uma necessidade de conhecimento e consentimento de todos da classe contabilista, de que o contador deve ser luz no combate a corrupção, deve vestir-se da armadura da ética e agir de maneira idônea, honesta, e clara para com a execução de suas atividades.

 

O Capitão da Força Aérea Americana, Edward Murphy era um dos responsáveis por testes realizados em pilotos de aeronaves, só que o aparelho que utilizava deu pane justamente no momento crucial da medição dos batimentos cardíacos e respiração destes.  Daí surge a célebre frase “se algo tem a mínima chance de dar errado, ela dará”, nascia então a Lei de Murphy, que vitimava inauguralmente seu criador.

O pessimismo foi lido primeiramente com destaque a partir do século 19 com Lord Byron. Pode-se enfatizar formas de pessimismo diversas, desde a insatisfação completa diante da vida, melancolias e negativismos como conseqüências de problemas neurológicos ou psíquicos, ou até mesmo questionamentos filosóficos levantados ao longo da busca do entendimento total sobre a existência humana.

Ao se fazer uma breve apreciação do movimento literário denominado Romantismo, notamos que uma de suas características marcantes é o pessimismo. Isso se explica basicamente por que o romântico em si normalmente é o apaixonado platônico, aquele que busca amores impossíveis, e essa impossibilidade culmina no apse do pessimismo. Existem muitos motivos para se desejar esse sofrimento, ainda que inconscientes, tal como o narcisista que deseja que os outros o vejam sofrendo para que seja centro das atenções, ou ainda aquele que se acovarda diante das dificuldades que surgem durante a conquista, enfim, o amor rima tão bem com dor, mas este pessimismo é que precede o amor.

É notável o pessimismo em todas as artes, não só nos escritos. Indo das poesias macabras de Álvares de Azevedo, com toda sua melancolia, idealização de amores impossíveis encontrados em desejadas virgens, frustração, sofrimento, morte que culminam como numa profecia de sua própria e precoce ‘destruição’, até os quadros de Goya, que como avaliou Hughes: “Eles refletem o interesse mais geral e inquestionavelmente mórbido de Goya no canibalismo como uma metáfora dos extremos humanos, o da brutalidade (‘homo homini lupus, “o homem é o lobo do homem’) e o da crueldade terminal do apetite desenfreado.(…) São pequenos quadros pessimistas e céticos(…)”.

Com o advento do capitalismo, e sua desenfreada busca por riquezas resultantes de ambições, estas derivadas da fração hedonista de cada um e do próprio narcisismo em si, surgiram inúmeros críticos quanto ao resultado desse sistema econômico. O que por sua vez levou a um ideal pessimista do futuro da humanidade profetizado por grandes pensadores, tais como Marshal Sahlins e Louis Dumont.

[Continua]                                                                                                 

O que seria o tempo? Dissertar sobre a funcionalidade, existência e correlações do tempo não é nada simples, é necessário extrapolar o senso comum, e enxergar que o tempo é surreal e fantasioso. É apenas uma dimensão que traduz aquilo que acontece com todas as existências. Nós envelhecemos, os carros envelhecem, as casas envelhecem, comidas apodrecem, aços enferrujam, mas são processos físico-químicos naturais e inerentes a existência de cada uma dessas coisas e de todas as demais que compõem aquilo que enxergamos como universo. 

A temporalidade é o fenômeno da execução das conseqüências as quais estão nossas existências submetidas. A maioria de nós ver o tempo como se estivéssemos na janela de um carro trafegando por uma estrada, vendo objetos passarem, mas na verdade trata-se de estarmos dentro do carro parado sofrendo as alterações que resultam em modificações derivadas dos processos aos quais estamos expostos, e de interações com o meio externo. O conjunto destes acontecimentos aos quais todos estão submetidos formam o tempo como o imaginamos. O carro do nosso pai que envelhece na verdade sofre processos que o deterioram conforme afasta-se do seu surgimento como existência, da mesma forma, nosso animal de estimação morre mais rápido porque seu organismo é constituído de forma que o afastamento do seu nascimento até o momento de seu óbito seja de menor comprimento.

O tempo não é cruel, não cura e não passa mais rápido. Nós o vemos assim porque assim nos é mais aceitável, é mais agradável acreditar que o tempo sara todas as dores e também depositar nele, em outros momentos, a culpa por outros tipos de acontecimentos. Quando na verdade são acontecimentos aos quais estamos sujeitos desde o nosso surgimento. E quanto mais nos afastamos em distância daquilo que nos submeteu a sofrimento mais os processos trabalharão em prol do esquecimento, porque o próprio esquecimento é o resultado de transformações e processos que ocorrem na nossa mente naturais a existência humana.