Não me olhe agora,
Pois o fracasso de outrora,
Figura minha face sonora,
Na melancolia de uma trepidação.
Não me venha pois,
Com estes olhos que sois,
Amar-me para depois,
Lançar-me em solidão
Não adianta tal carinho,
Se pões espinhos no caminho,
E devoras as flores com o vinho
Das uvas de minha plantação.
Extirpas daqui os teus pés
E arranca a máscara que és
Quero o sossego de meus canapés,
Quando partires deste chão.
Ficarei em quarentena
Reservando-me da pena
A qual o passado me condena
Trancafiando-me nesta prisão
E ainda que eu suplique um novo encontro,
Releve este meu confronto
Por que talvez ainda não esteja pronto
Para tal comoção
Serei por um tempo esta antítese
De uma perna vil, e uma prótese
Uma história completa e uma síntese
Uma vida e uma armação.
E quando beirar o abandono
Sentirei o profundo sono
E clamarei por meu trono
Ao tempo que passa vão.
Ao tempo que passa vão.
No vão do trem que passa.
Na viagem eterna de solidão
Aos confins da vida escassa.
Bravo! =]